quarta-feira, 4 de junho de 2014















Porque é como se fosse a cada pronúncia,
ou mesmo só intentada,
que a tua boca à minha se fizesse.
Daí ao senti-la em beijo,
basta-me em beijo eu senti-la.

Se te silencias, se te emudeces,
não penso o emudecer e o silêncio,
penso-te ao beijo
— a pausa é onde tu pensas e ponderas (tudo) —.
Mas não te capto assim.
Faço do teu pensar a intenção do beijo
e de todo o ponderar o beijo há muito dado.

Daí o gosto que te digo,
o gosto que eu sinto na medida que respiro.

Mas, não só.
Não fosse o silêncio e o emudecer,
ainda assim o sabor te me diria
(na voz ou no silêncio a tua boca é minha fala).

Penso-te e te beijo.
Não a pensasse, ainda assim te beijaria.

É assim que o teu sabor é o mesmo meu.

Beijo-te, então.

Saudades!










 
"De onde vem essa saudade de algo que nunca tive?"
Psicologicamente eu saberia responder,
Mas objetivamente receio que não...
"De onde vem essa saudade de algo que nunca tive?"
Psicologicamente eu saberia responder,
Mas objetivamente receio que não...
 
                            04/06/2014

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

   
Pusemos tanto azul nessa distância 
ancorada em incerta claridade 
e ficamos nas paredes do vento 
a escorrer para tudo o que ele invade. 

Pusemos tantas flores nas horas breves 
que secam folhas nas árvores dos dedos. 
E ficámos cingidos nas estátuas 
a morder-nos na carne dum segredo.

" A vida é a arte do encontro".



A vida é a arte do encontro, embora haja tantos desencontros pela vida (Vinicius de Moraes) “Vinicius era um poeta, e como poeta conhecia a vida como ela é, cheia de tropeços e descaminhos. Na vida temos milhares de peregrinos que, por um momento maior ou menor, compartilham da mesma estrada que caminhamos. E somos todos peregrinos em busca da felicidade. Mas essa felicidade é como uma miragem, vista por uns, mas não por outros, sempre a frente, mas nunca realmente alcançada. Assim, o destino é realmente caminhar, e neste caminho, nas pequenas ou grandes companhias de viagem, é que nos fazemos felizes. Eu posso ter me desencontrado de você, mas a sua presença no meu caminho me faz feliz.”

terça-feira, 5 de junho de 2012


Eu, sabendo que te amo,
e como as coisas do amor são difíceis,
preparo em silêncio a mesa
do jogo, estendo as peças
sobre o tabuleiro, disponho os lugares
necessários para que tudo
comece: as cadeiras
uma em frente da outra, embora saiba
que as mãos não se podem tocar,
e que para além das dificuldades,
hesitações, recuos
ou avanços possíveis, só os olhos
transportam, talvez, uma hipótese
de entendimento. É então que chegas,
e como se um vento do norte
entrasse por uma janela aberta,
o jogo inteiro voa pelos ares,
o frio enche-te os olhos de lágrimas,
e empurras-me para dentro, onde
o fogo consome o que resta
do nosso quebra-cabeças.

domingo, 3 de junho de 2012

cid:D8101E29CA1B492DA9F295DFAE9EC0CF@VeraAparecida

Recorda,...
quando perceber o silêncio
que há entre a mente
e os sentidos,...
um tráfego de palavras
sugerindo o que almejo:
a discreta poesia
que confunde quem vê.
Lembra,...
nas horas que me ausento,
do instante em que viu
no olhar o brilho,
nos lábios o sorriso sutil.
Recorda porque sonho,...
no sabor da saliva do beijo,
viver outra vez o amor
que a alma concebeu.