quinta-feira, 26 de abril de 2012
Você
Certos olhares parecem simplesmente mais cansados que o meu, pois no meu ainda há a chama de querer, de te querer bem, de simplesmente te querer.
Não posso adiar o amor para outro século
não posso
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas
Não posso adiar este abraço
que é uma arma de dois gumes
amor e ódio
Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o rneu amor
nem o meu grito de libertação
não posso
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas
Não posso adiar este abraço
que é uma arma de dois gumes
amor e ódio
Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o rneu amor
nem o meu grito de libertação
sexta-feira, 20 de abril de 2012
No barco sem ninguém, anónimo e vazio,
ficámos nós os dois, parados, de mão dada...
Como podem só dois governar um navio?
Melhor é desistir e não fazermos nada!
Sem um gesto sequer, de súbito esculpidos,
tornamo-nos reais, e de madeira, à proa...
Que figuras de lenda! Olhos vagos, perdidos...
Por entre nossas mãos, o verde mar se escoa...
Aparentes senhores de um barco abandonado,
nós olhamos, sem ver, a longínqua miragem...
Aonde iremos ter? — Com frutos e pecado,
se justifica, enflora, a secreta viagem!
Agora sei que és tu quem me fora indicada.
O resto passa, passa... alheio aos meus sentidos.
— Desfeitos num rochedo ou salvos na enseada,
a eternidade é nossa, em madeira esculpidos!
ficámos nós os dois, parados, de mão dada...
Como podem só dois governar um navio?
Melhor é desistir e não fazermos nada!
Sem um gesto sequer, de súbito esculpidos,
tornamo-nos reais, e de madeira, à proa...
Que figuras de lenda! Olhos vagos, perdidos...
Por entre nossas mãos, o verde mar se escoa...
Aparentes senhores de um barco abandonado,
nós olhamos, sem ver, a longínqua miragem...
Aonde iremos ter? — Com frutos e pecado,
se justifica, enflora, a secreta viagem!
Agora sei que és tu quem me fora indicada.
O resto passa, passa... alheio aos meus sentidos.
— Desfeitos num rochedo ou salvos na enseada,
a eternidade é nossa, em madeira esculpidos!
quinta-feira, 19 de abril de 2012
quarta-feira, 11 de abril de 2012
domingo, 18 de março de 2012
"A
tua solidão é tão vasta quanto a minha. Confessa.
Tuas
noites são povoadas por saudades. E memórias.
Tu
também olhas pela janela nas altas madrugadas desejando um amor. Em segredo.
Tu também te perdes, caminhos errados, pessoas
estranhas – o santo não bate, lembra?
estranhas – o santo não bate, lembra?
Ninguém
desconfia das tuas angústias. Nem mesmo eu.
E
então, com meia dúzia de palavras bonitas, mas difíceis, tu te desnudas. Sem
querer? Não
te imagino intencional. És um aviãozinho de papel a vagar pelos ventos sem
rumo.
Engana-te
se achas que é possível ser terrivelmente feliz nestes esconderijos.
Abre-te
para os encantos. É lá que moram os olhares encontrados,
a
pele arrepiada,o pé que encosta no outro sem aviso. As mãos dadas.
Tu
me encantas.Longe, perto, sem saber
Até
hoje..."
quinta-feira, 24 de novembro de 2011
No coração da mina mais secreta,
No interior do fruto mais distante,
No interior do fruto mais distante,
Na vibração da nota mais discreta,
No búzio mais convolto e ressoante,
Na camada mais densa da pintura,
Na veia que no corpo mais nos sonde,
Na palavra que diga mais brandura,
Na raiz que mais desce, mais esconde,
No silêncio mais fundo desta pausa,
Em que a vida se fez perenidade,
Procuro a tua mão, decifro a causa
De querer e não crer, final, intimidade.
(Saramago)
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